quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Corsa - Parte 10

Depois da série de sustos e prejuízos sem tamanho, o Corsa e eu chegamos ao fim, assim como também chegou ao fim meu casamento. Dois anos e meio de sufoco, tanto na vida quanto nas relações pessoais. Como nada é para sempre, a vida segue.

Rompido o casamento, o carro ficou quinze dias na posse de minha ex-mulher, em Volta Redonda, aumentando o meu estresse. Assim que ela voltou para Angra dos Reis, não tive dúvidas. Era hora de vender o carro e repassar a parte que lhe cabia no bem. Maldito casamento com divisão de bens!

Chamei o meu irmão, Wagner Lannes, para me acompanhar à agência e vender imediatamente o Corsa, antes que o carro me fosse levado novamente. Não sei se foi a maior tolice que eu fiz, mas o arrependimento hoje é grande, ainda mais depois de ver o lindo corsinha desfilando pela rua, enquanto eu vivo metido em oficinas. Que destino! Por mais surrado que tenha sido, o Corsa nunca negou fogo e sempre esteve pronto para aguentar mais maus tratos por parte de imprudentes motoristas. Dele, a lembrança, fora os fatos até aqui mencionados, é boa. Histórias inesquecíveis me ocorreram naquele pequeno carro branco, notas impublicáveis, que não há como esquecer.

Toda despedida é triste. Todo fim deixa uma certa mágoa e o desejo de que poderia durar mais um pouco. Mas para nós, homem e carro, não havia mais meios de continuarmos. Era chegada a hora da mudança, hora de elevar a minha moral, que estava muito por baixo por conta dos últimos acontecimentos da minha vida pessoal despedaçada. E já que eu começaria a vida do zero de novo, nada melhor do que ter um carro novo para me guiar no novo caminho.

Encontramos no pátio da agência um antigo sonho de consumo: um Honda Civic 3D Si preto com pigmentos de alumínio. O carro era fabuloso. Lindo como nos meus delírios juvenis. Não houve quem me tirasse da ideia trocar o corsinha pelo Marmita, principalmente depois de uma volta com o carro. Tudo era perfeito: a dirigibilidade, o conforto, a estabilidade, o ronco forte do motor, o estilo esportivo, a aparência incomum. Eu, levado pela empolgação, não me importei com a idade do Honda, não liguei para o fato de ser importado, não pensei no alto custo da manutenção, eu queria aquele carro.


Despedi-me do Corsa com um aperto no peito. Sentimentalidades bobas, mas era o primeiro carro, comprado com o esforço do meu trabalho e que me atendeu perfeitamente quando pôde. Era difícil, mas o substituto preencheu o seu lugar.

Sai da agência fazendo o motor do Honda roncar alto. Com um sorriso imenso de satisfação estampado no rosto.

O telefone tocou. Era minha ex-mulher me comunicando que queria o carro para ir a uma festa em Paraty. Eu dei uma gargalhada cínica antes de avisar que o dinheiro que lhe cabia do carro seria depositado na segunda-feira.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Corsa - Parte 9

No dia 23 de outubro de 2005 ocorreu o referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições no Brasil e também o dia em que, por pouco, não morri num violento acidente de carro.

O que era para ser apenas mais um dia tornou-se um pesadelo terrível quando eu voltava para casa à noite. Lembro que meu pai se ofereceu para me levar à cidade, e eu recusei; lembro de, na volta, ter pensado em comprar uma Coca-cola, mas desisti, porque queria chegar à minha casa o mais rápido possível. Pequenos detalhes que poderiam ter mudado toda a história. Se eu tivesse parado para comprar o refrigerante, se tivesse seguido por outro caminho, se fosse o Uno do meu pai, se eu tivesse me demorado mais um pouco não teria o prejuízo no bolso, não teria o susto que me desorientou, nada teria acontecido. Mas as hipóteses são apenas hipóteses, eram tantos “ses", eram tantas possibilidades. Não passaram disso.
Dirigia numa velocidade média, nem rápido demais, nem devagar demais. Passava pela Angra-Getulândia, num trecho calmo, tão conhecido que poderia fechar os olhos e ainda saberia o caminho. Chegando ao segundo quebra-molas, diminuí a velocidade, quando ouvi um som de uma batida. Olhei rapidamente pelo retrovisor e vi a luz do farol de um carro vindo em alta velocidade na minha direção. Não deu tempo de fazer muita coisa, apenas senti a pancada na traseira do Corsa, que voou pelo quebra-molas, parando em frente ao ponto de ônibus.

Do momento da colisão até o carro parar, não me lembro de nada. Parece que apagaram um pedaço das minhas lembranças, tamanha a violência do choque. Alguém no ponto de ônibus abriu a porta e me perguntou se eu estava bem. Não conseguia responder, apenas olhava para o rapaz e balançava a cabeça, completamente desnorteado.

Quando consegui entender o que havia acontecido, pulei do carro e fui conferir o estrago. A traseira do Corsa estava destruída. A capa do para-choque estava totalmente quebrada, a barra do para-choque foi forçada para dentro, rasgando o pneu e amassando o aro da roda. Pedaços da lanterna traseira espalhados para todos os lados, a tampa do porta-malas irrecuperável. Só não entendi como não quebrou o vidro. Acho que por ter conseguido sair do centro da batida, fazendo com que a colisão acontecesse do meio para a esquerda, salvou-me de um prejuízo ainda maior.


Desnorteado ainda, tanta pelo acidente como também pela raiva, não sentia nenhum tipo de dor. Não percebi que meu peito estava dolorido, nem que o cinto de segurança tinha deixado um vermelhidão em meu tronco, mas não fosse por ele, eu teria voado pelo para-brisa. Depois desse maldito dia, nunca mais andei sem cinto de segurança, seja por cinco metros ou mil quilômetros; seja no banco do motorista ou no do carona; seja na frente ou atrás, basta que me sente no banco para que puxe sobre mim o cinto.

Um casal correu em minha direção. Mais à frente meu algoz tinha parado o carro. Imediatamente fui verificar o estado do dono do carro que bateu em mim. Sei que o prejuízo seria grande, mas a matéria se recupera, uma vida, não. Para meu espanto, e raiva multiplicada, ele estava bem vivo, apesar de um corte na boca que o deixava todo ensanguentado. Não tive tempo de me apiedar dele, porque imediatamente percebi que o rapaz estava completamente bêbado, mal se agüentando de pé.

Como não haveria jeito para uma conversa sensata, liguei para a polícia, comunicando o acidente e o estado alterado do rapaz, que saiu correndo em disparada, deixando o carro com as chaves na ignição. Tentei segurá-lo, mas não tive sucesso. Ele fugiu.

Conversando com o casal, descobri que o estrondo que ouvi antes fora o carro deles sendo acertado na lateral pelo bêbado. Ele estava em alta velocidade, trafegando na contra-mão. Não conseguiram desviar o suficiente para evitar a batida, mas, pelo menos evitaram maiores prejuízos.

A polícia chegou, meu pai também chegou, meu mecânico chegou, minha advogada chegou e se armou a confusão, porque localizaram o causador do acidente, mas ele estava trancado em casa. Como o carro ficou, não houve jeito, a família do bêbado foi obrigada a comparecer ao local. Mais discussões, brigas e ameaças de prisão. Por sorte, eu conhecia o cunhado do rapaz, que me garantiu que ele arcaria com as despesas para arrumar o pobre corsinha. Minha advogada tomou à frente do caso e eu, ainda sem pensar direito, fui para casa com meu pai, horas depois.

No dia seguinte fomos ver melhor o carro, que já estava na oficina. Era muito pior do que eu me lembrava. O preço para o conserto: R$ 3000,00. Por sorte, o mecânico era de confiança e me orçou o preço sem os seus lucros. Comecei a achar difícil que o camarada imprudente arcasse com as despesas.

Mais tarde ele chegou com a mulher e os filhos. A única coisa que eu queria era partir para cima dele e lhe dar uma boa série de socos. Mas fiquei quieto no meu lugar, porque não sou adepto da violência e não queria perder a razão. Ele mal conseguia olhar para mim. Dizia que errara, que bebera demais e não se lembrava de muita coisa da noite anterior. Quando o infeliz viu o meu carro, escancarou a boca e se lamentou, não acreditando que tinha sido tão feio o acidente.

Partes acertadas, começou a novela para o conserto do Corsa destruído. Foram messes de espera para que se pudesse desentortar, alinhar, reparar, comprar peças, pintar a lataria e ter o carro de volta.

Depois disso, desanimei com o corsinha. Tudo o que eu queria era vendê-lo e esquecer os problemas que tivemos. Começar de novo com outro carro e ter mais sorte. Mas se eu soubesse o que me esperava no futuro, o Corsa estaria comigo até hoje.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O CORSA – Parte 8

Imprevistos acontecem quando menos esperamos. Ficamos parados quando estamos com pressa. Gastamos dinheiro quando não temos. Perdemos a paciência quando tínhamos que ficar calmos.

A “zica” atacou o corsinha de novo. Coisa simples, mas depois da imensidade de problemas que enfrentamos com o carrinho, qualquer ruído parece estourar os tímpanos. É difícil de acreditar que tantas vezes o azar cruzou nosso caminho. Acho que quanto mais cuidamos, quanto mais nos preocupamos com as coisas, mais atraímos negatividades. Eu sempre fui assim, sempre tive excesso de zelo pelas minhas coisas, um cuidar daquilo que batalhamos para conseguir, por isso quando algo quebra, dá errado, é danificado, a dor é mais sentida.

Fui trabalhar com o corsinha depois de tirá-lo da oficina mais uma vez. Não lembro com precisão quanto tempo ele ficou no conserto, mas sei que foram algumas longas semanas. Era uma tarde cinzenta, ameaçava chuva, por isso a escuridão veio antes da hora. Dei minhas aulas e saí do Jean Piaget feliz por poder voltar logo para casa e descansar depois de um longo dia de trabalho.
Virei a chave e o carro não pegou de primeira. Gelei. Virei de novo e o motor ligou. Mas estava fraco, barulhento, parecia que iria morrer a qualquer instante. Pensei que o estrago foi maior do que imaginei, pensei que depois de rodar sem água, ele não teria mais fôlego, apesar de ter trocado as peças necessárias. Pensei que dessa vez ele não teria resistido.

Quando saí com o carro da vaga, ele estava cansado. Não tinha força nem para subir a pequena ladeira que leva à rua que contorna a do colégio. O carro morreu mais uma vez, deixando-me nervoso, com o coração acelerado. Consegui manobrar o corsinha com dificuldade. O que fazer, eu me perguntava. Lembrei de um mecânico ali perto. Já tinha levado o carro em sua oficina quando esbarrei a roda no meio-fio, desalinhando-a. Era o mais perto e eu já o conhecia. Com a velocidade de uma tartaruga fui descendo a Bruno Andréa até chegar à Oficina do Mota.

O mecânico abriu o capô e pediu para que eu ligasse o carro. Ouviu o som do motor, mexeu nos cabos e deu o diagnóstico: velas de ignição queimadas. O corsa tinha apenas um vela funcionando, por isso a dificuldade para fazê-lo pegar e a lentidão com que andava.


Serviço pronto, voltei para casa aliviado, mas com o bolso mais uma vez vazio.

O Corsa - Parte 7

As desventuras do Corsa estão chegando ao fim, mas nem por isso os problemas e contratempos, além, é claro, dos maus tratos a que ele foi submetido acabaram. Durante os dois anos que fiquei com o carrinho comprado na, felizmente fechada, Vadico Veículos, do Parque das Palmeiras, histórias incríveis aconteceram, histórias que contando, às vezes, nem dá para acreditar de tão surreais que são. As testemunhas existem para isso, e testemunhas das barbaridades existem aos montes.

O acontecimento descabido deste capítulo aconteceu no fim de 2004, quando a motorista descuidada resolveu ir para Volta Redonda sozinha, depois de, claro, mais uma discussão entre mim e ela.

Já farto do casamento falido, dei graças quando ela me disse que iria passar o fim de semana na casa dos pais, só não gostei de saber que ficaria sem carro, mas não me importei muito, porque não faria nada além de assistir tranquilamente aos filmes que estavam esperando há tempos para rodarem no meu aparelho de DVD sem ninguém me encher a paciência. Assim, sozinho em casa, pus os pés para cima e apertei o “play” do controle-remoto, acompanhado de potes de pipoca e garrafas de Coca-cola.

Mas, em se tratando de mim, nada seria tão tranquilo como aparentava ser, nenhuma felicidade duraria muito tempo, porque o Corsa estava em mãos perigosas.

No domingo à tarde o corsinha voltou de viagem. Minha ex-mulher me ligou da garagem, pedindo para que eu descesse e visse o carro. Lembrando da última vez que ouvi a mesma frase, quando ela estourou a frente do carro na traseira da Montana, corri com o coração na mão, temendo encontrá-lo mais uma vez destruído.

Numa primeira vista, não vi nada de anormal. Não havia nenhum amassado, nenhum arranhado, aparentemente nada de errado. Mas de imediato fiquei incomodado com a ventoinha do radiador que não desarmava, ventilando em potência máxima, mesmo com o motor desligado. Isso não era normal.

Notei a expressão de “fiz besteira” estampada no rosto da minha ex-mulher, como se me pedisse com os olhos chorosos para não brigar com ela. De imediato, perguntei, sem me apiedar, o que ela tinha feito dessa vez. Quase caí para trás com a resposta, sentindo o sangue ferver mais que a água que deveria estar no radiador, e não estava.



Tem gente que acha que ter um carro é apenas sentar no banco, girar a chave e dirigir à vontade. Não, não é assim. Um motorista deve cuidar do automóvel, não só guiá-lo. Se o fizessem, não teríamos um número imenso de carros em estado de miséria rodando pelas estradas, se fizessem metade das revisões necessárias ao bom funcionamento da máquina, não teríamos oficinas sempre lotadas, mas a maioria das pessoas ignora a maioria dos cuidados essenciais; ignora quebra-molas, passando como loucos por cima das lombadas, surrando a suspensão, arrastando o assoalho, estragando pneus, só como simples eventos.

Qualquer motorista que se preze sabe que antes de sair deve-se fazer uma checagem dos itens mais simples como: gasolina, água, luz, óleo, pneus e estepe. Quando nos esquecemos de verificar um desses itens, que aparentemente são irrelevantes, podemos ficar parados no meio da estrada sem que nada possa ser feito, a não ser esperar o guincho chegar para nos livrar de uma noite mal dormida no banco de trás.

No caso do sofrido Corsa, o problema foi a verificação do nível da água do radiador antes da viagem. O reservatório não foi conferido desde que saiu da garagem de Angra, rodando três dias em Volta Redonda e descendo a serra novamente. Um pequeno vazamento fez secar o reservatório, o motor esquentou mais do que devia e a válvula termostática foi para o espaço, e por mais um pouco não teria o motor fundido. Por sorte, quando a válvula derreteu, o carro esquentou demais e parou de funcionar, pois se continuasse mais um pouco os prejuízos seriam imensos.

Parada no meio da estrada, a infeliz motorista teve a sorte de uma boa alma parar para ajudá-la, fazendo uma ligação direta na ventoinha do radiador, por isso estava ligado quando cheguei à garagem. Uma “gambiarra” que possibilitou que o corsinha voltasse para casa.

Não preciso nem dizer que o tamanho da bronca foi homérico, seguido de mais uma proibição temporária de pegar o carro. Eu já não agüentava mais ouvir piadas dos amigos e, principalmente, do dono da oficina, que mais uma vez me recebia para um novo conserto. Como o corsinha era um cara valente, aguentou bem o mau trato e, uma semana depois estava pronto. Pronto para me deixar na mão de novo uma semana depois.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Corsa – parte 6


"Mau-olhado ou olho gordo é uma crença folclórica (provavelmente muito antiga por ser observada entre vários povos) de que a inveja de alguém, demonstrada pelo olhar ou não, pode vir a ocasionar a degradação do alvo da inveja ou de uma boa sorte. Para tanto, em todas as culturas em diversos tempos da história, foram criados amuletos conta o mau-olhado, como nazar.
Tradicionalmente associado à idéia de "secar com os olhos", de maneira que o olho gordo representa uma forma de impedir a nutrição continuada de uma relação de prosperidade por meio de retirada da umidade.
Na tradição bíblica, o mal olhado tem vinculações com a restrição à cobiça (Êxodo 20)".
Wickipédia



Certas coisas só acontecem comigo, ou melhor, com meus carros. Não sei se é mau-olhado ou falta de sorte, mas quando o improvável acontece, é comigo mesmo. Por exemplo, quem iria supor que depois de tirar o carro da oficina, às 7 da manhã, numa rua aparentemente tranquila, um carro bateria no meu Corsa, um minuto depois de estacioná-lo em frente ao colégio onde trabalho? Pois é, o improvável aprontou comigo.



Lembro que fiquei algumas semanas com o carro parado por algum motivo que me falha a memória, no dia seguinte ao que o retirei da oficina, fui trabalhar feliz por não ter que acordar mais cedo e enfrentar a irregularidade do transporte público. Estacionei o carro em frente ao Colégio Jean Piaget, na rua Bruno Andréa, no Parque das Palmeiras, para trabalhar. Parei o Corsa um pouco à frente do lugar de costume e entrei na secretaria. Quando saí da sala, o porteiro, Celso, perguntou se o Corsa branco era meu. Diante da minha afirmativa, ele balançou a cabeça negativamente e repuxou os lábios formando uma expressão de pesar. Retruquei sem entender muito bem o que ele queria com aquilo. Celso apontou para o corsinha e disse que a dona da casa ao lado do colégio esbarrou no meu carro quando manobrava a sua Pick-up. Gelei.
Corri para o carro e me senti como se levasse um soco na boca do estômago. Um amassado no paralama e na porta. A raiva subiu como bile pela minha garganta. Tive vontade de xingar, mas contive meu impulso colérico porque havia muitas crianças e alunos por perto.



Felizmente a mulher pagou o serviço sem que eu precisasse falar qualquer um dos impropérios que articulei mentalmente quando vi a barberagem que ela fez. Menos mal, mas tive de voltar aos ônibus da Viação Senhor do Bonfim por mais uma semana.

Casos como esse aconteceram mais de uma vez comigo, e não foi só com o Corsa, ainda me perseguiram por outros carros em diversas situações. Não sou de crendices, mas tudo me leva a crer que o tal mau-olhado, também conhecido como zica, me persegue.

As desventuras do Corsa estão chegando ao fim. E o pior ainda está por vir.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Corsa – parte 5

Eu realmente era feliz com o corsinha branco. Fora os problemas citados anteriormente, o carrinho nunca me deixou na mão. Sofreu muito, é verdade, nas mãos da minha ex-mulher, mas como um bravo guerreiro aguentou com coragem e determinação os maus tratos a que foi submetido. Era um carro para o dia a dia, que me levava ao trabalho, que me levava em viagens, subindo a serra de Lídice sem vacilar, embora padecesse com seu motor 1.0 para ultrapassar caminhões na subida cheia de curvas da Angra-Getulândia quase que semanalmente.

O carro foi feito para se ter apenas um dono, um motorista. Quando duas pessoas completamente diferentes dividem o mesmo volante as coisas não dão muito certo. E quem sofre, obviamente, é quem tem zelo pelo automóvel. Podemos dizer que eu era um dono chato e cuidadoso demais, não levando o corsinha para lugares em que certamente teria que submetê-lo à situações, digamos, perigosas. Não o estacionava em qualquer lugar, mesmo de dia, evitando lugares ermos e escuros; não dirigia nas horas de pico, por saber que, geralmente, as pessoas têm ânsia de voltarem para casa, cometendo as maiores loucuras no trânsito; não me embrenhava em estradas de terra, porque off-road não é o forte de carros urbanos. Pode até parecer que era besteira, mas eu gostava de ter o carro limpo e seguro. Detalhes que minha ex-mulher ignorava.

Não estou aqui para denegrir a imagem dela como motorista, hoje, para sua sorte, ela não é tão ruim como era antes, mas naquele tempo fazia jus ao perigo constante. Certa feita, em Volta Redonda, por pouco não se acaba o corsinha na lateral de um ônibus. Minha espinha gela como se fosse agora sé em lembrar. Ela vinha na pista, a estúpida mania de dirigir com a mão sobre o câmbio, como se fosse uma excelente motorista, acelerava desnecessariamente pela via urbana, com seu ar superior, querendo mostrar que era capaz e melhor do eu a julgava. Apesar das minhas reclamações para andar mais devagar, para pôr as duas mãos no volante, para prestar atenção no que fazia, ela insistia em me ignorar. De repente o imprevisto aconteceu. Um carro saía da vaga em que estava estacionado. A preferência era nossa, mas não havia tempo de retornar ao lugar onde estava. A solução óbvia era diminuirmos a marcha para que o cidadão imprudente pudesse entrar no fluxo de trânsito, mas a infeliz acelerou ainda mais, com a iminência da colisão, ela jogou o carro para a outra pista sem olhar o retrovisor. Ainda ouço o forte barulho da buzina do ônibus, que passou tirando fino do retrovisor direito, em meu ouvido. Que desespero.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O Corsa - Parte 4

Quando finalmente o corsinha saiu da oficina, ele estava de visual novo. Ganhou o capô do Corsa 2001, que tem uns vincos, mais robusto do que o original, que tinha a chapa lisa e sem graça. O pára-choque antigo não tinha conserto, portanto colocamos um novo, também do modelo 2001. Com a pintura, os arranhados se foram, inclusive os que já vieram quando comprei o carro. Para não desperdiçar tinta, pintamos tudo de branco: pára-choque dianteiro, traseiro, retrovisores e frisos. O carro ficou melhor do que antes.


Depois do prejuízo, somente eu podia dirigir meu carro, apesar das inúmeras reclamações da sua destruidora. Sem machismos, a mulher era ruim de roda demais, justificando o dito popular. No período em que ela foi proibida de pegar o carro, ele ficou longe de oficinas, para meu alívio.

Assim, não perdi tempo e fiz uma bela instalação de som da Bomber: um kit triaxial e um kit quadrixial, e também um par de tweeters Selenium. Deixei para instalar o subwoofer depois, porque não queria perder espaço no porta-malas, nem arranjar mais encrenca com a barbeira, quer dizer, minha ex-mulher. O aparelho de som do Corsa me acompanhou até pouco tempo, um Kenwood KDC que nunca deu problemas.



Instalei também manoplas de câmbio e de freio cromadas e um conjunto de pedaleiras, todos da Shutt, incrementando o visual do corsinha. O carro realmente estava lindo e muito bem cuidado. Mais tarde, comprei maçanetas internas cromadas e uma horrível capa de lanterna, que a deixava parecida com a do Fiat Brava. Não sei onde estava com a cabeça quando resolvi instalar aquela monstruosidade. Pior é que até hoje as capas estão instaladas no carro, o atual proprietário deve mesmo ter gostado.



Para completar o visual, insufilm nos vidros, deixando o carro totalmente escuro.
É, tenho mesmo saudades do Corsa. Não fosse pelo que ele passou nas mãos impróprias que o dirigiram, talvez estivesse com ele até hoje. Certamente não teria passado por todos os apuros e situações complicadas que os carros que o sucederam me fizeram passar.
Acabou? Não, meus amigos, tem mais.

O Corsa – parte 3

Depois do problema da fechadura, eu e o corsinha tivemos um mês muito tranquilo. Era um carro gostoso de se dirigir, muito confortável e me atendia muito bem as necessidades. Rapidamente perdi a insegurança inicial e desfilava com meu carrinho branco pela cidade. Adorava pegar a estrada e ir para o trabalho, correndo pela Rio-Santos sem preocupação, apesar de nem olhar para o lado, porque tinha a péssima mania de fixar os olhos na frente e nos retrovisores, nada mais.

Deve ser coisa de homem, mas tinha um zelo imenso pelo carro, tanto que não o deixava mais do que 10 minutos parado na rua em frente de casa. Depois disso, garagem coberta e com cadeado no portão. Aos domingos era dia de dar uma geral no carro. Lavar com xampu automotivo, cera e polimento na parte externa. Aspirador de pó, escova nos carpetes, silicone no painel e um belo polimento para acentuar o brilho. Passava boa parte do domingo cuidando do corsinha, mais até do que cuidava da minha própria casa. Minha ex-mulher reclamava o tempo todo que eu passava mais tempo com o carro do que com ela nos fins de semana, mas eu adorava.

O pesadelo (e não era os contos de horror e medo) começou quando minha ex-mulher tirou a carteira de motorista. Um carro para duas pessoas independentes não dá certo. Brigávamos sempre por causa do carro, já que trabalhávamos em escolas diferentes e em horários iguais. Era uma briga constante porque ela queria meu carro. Eu, que zelava pelo corsinha como se fosse um ente querido, tinha de submetê-lo novamente às amarguras de uma recente motorista. Não deu outra, logo no primeiro dia que ela saiu com o carro, estacionando na garagem, amassou a lateral do carro numa das vigas que sustentavam o telhado. Não é preciso dizer que fiquei chateado com ela, mas, no fim, acabei entendendo, uma vez que eu também fiz besteira quando peguei o carro pela primeira vez. Foi triste ver o carro com aquele amassado na traseira, mas resolvi não gastar com o lanterneiro ainda, pois, intimamente, sabia que ainda viriam mais problemas e novos amassados. E foi numa sexta-feira que a agonia chegou sem pedir licença, deixando-me desesperado.

Minha ex-mulher foi trabalhar no Perequê, o último bairro de Angra dos Reis antes de Paraty. Mesmo com minhas reclamações, ela insistiu para ir com o carro. De nada adiantou minhas negativas, porque quando acordei, ela já havia saído. Fiquei com raiva e preocupado ao mesmo tempo, já que ela nunca tinha dirigido sozinha, principalmente na estrada. Mas, vá lá, ela tinha que adquirir prática na direção.

Quando o telefone tocou, por volta do meio-dia, um frio me percorreu a espinha. Era ela. Com a voz chorosa, minha ex pedia para encontrá-la na rua, porque estava com um problema. A primeira coisa que pensei foi: “Meu carro”. Pus a primeira roupa que vi pela frente e sai em disparada para onde ela havia me dito que estava. Não pensava em mais nada além do que poderia ter acontecido com o carro: uma batida leve, um arranhado, atropelou alguém, levou uma multa. Eram tantas as possibilidades que me deixavam sem ar. Mas, como é o homem, em momento algum pensei sobre a possibilidade de ela estar machucada.

Quando cheguei à rua em frente à lanchonete Papão, o susto. Antes que eu pudesse falar com ela, um policial veio a mim e me pediu para não ser duro com minha esposa. Vejam que situação, ela sabia que eu iria perder a cabeça quando visse o que ela fez com meu carro, por isso o policial, vendo-a aos prantos, intercedeu em seu favor.

Sem entender nada, perguntei ao homem da lei o que havia acontecido. Ele me respondeu que ela fez uma pequena besteira, mas que estava bem. O acidente não foi tão feio quanto pode parecer pelo estado do carro. Aquelas palavras me tiraram do sério. Estado do carro! Acidente feio! Meu carro...

Fiquei atônito quando vi o Corsa desfigurado. A infeliz bateu na traseira de uma Montana. A colisão foi tão forte que acabou com a frente do corsinha, quebrando farol, amassando o capô e o paralama, quebrando o pára-choque. Senti falta de ar. Queria matá-la. Não conseguia entender como ela conseguira destruir a frente do meu carro e não acontecer quase nada com a Montana, que teve apenas um amassado na tampa da carroceria e uma lanterna trincada.

Discussões a parte, sem seguro, resolvemos levar os carros para a extinta Conora, hoje Aspen, concessionária Chevrolet em Angra, para fazermos um orçamento e cobrir o prejuízo. Do Centro à Ribeira, foi um caos dirigir. O pára-choque parecia que cairia a qualquer momento, o capô levantado impedia a plena visão da pista, as rodas tocavam no paralama amassado fazendo um ruído insuportável. Eu queria matá-la.

Na concessionária, o lanterneiro olhava os carros, balançando a cabeça negativamente. Pedi que ele fizesse o orçamento da Montana primeiro, pois não queria problemas com ninguém. Ela bateu no carro, ela pagaria o conserto. Veio a primeira notícia ruim: a tampa da carroceria era blindada, não sendo possível fazer a lanternagem, teríamos, portanto, que comprar uma peça nova. A lanterna estava trincada, sendo assim, teríamos que também comprar outra. Enquanto o funcionário da Conora falava, meu coração acelerava. Era dinheiro demais. Quando pensei que chegara ao fim das despesas, ele me informou que só de adesivos e emblemas teria que gastar mais R$ 500,00. Quase caí para trás. Sentei no meio fio, levei as mãos à cabeça e quis matar minha ex-mulher.

Felizmente o dono do carro atingido se apiedou de nós dois e resolveu ajudar na despesa, cobrando-nos apenas a tampa e a lanterna, deixando a pintura e os malditos adesivos por conta dele. Menos um problema.



Passando ao corsinha, veio o desespero. Havia tanta coisa para trocar, tantas peças para comprar, que a minha vontade foi entregar a chave do carro e dizer faça bom proveito dessa sucata. Juntando as peças e o serviço, gastaríamos cerca de R$ 3.000,00. Muito dinheiro para quem acabara de se casar, estava mobiliando uma casa, ganhando um salário baixo ainda. Tive vontade de chorar. Tive vontade de matá-la. Nessas horas descobrimos como faz falta o bendito seguro.

Depois de tanta notícia ruim, parece que as divindades resolveram agir em nosso favor. O lanterneiro da concessionária me chamou no canto e pediu para que eu tirasse o carro do pátio e o estacionasse numa rua próxima. Sem entender muito bem o motivo, liguei o carro com muita dificuldade e fiz o pedido. Poucos minutos depois, ele estacionou seu Ford Escort dourado ao lado do meu destruído Corsa e fez uma oferta tentadora. Por R$ 900,00 ele arrumaria meu corsinha em sua oficina, trocando as peças danificadas, desamassando a batida da lateral e retocando a pintura. Pudor e bom-senso a parte, aceitei a proposta e levei o carro até a oficina do Gigante, salvando minha ex-mulher da falência com a economia no conserto do carro.

Fim dos problemas? É claro que não.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O Corsa - parte 2

Depois do susto, e também do tremendo mal estar por ter batido a roda, consegui levar o carro até a minha rua, onde constatei a grande besteira que eu fiz. Como o pneu saiu da roda, achei que bastaria trocá-la pelo estepe, mais um infeliz engano. À noite, fui para o trabalho cheio de mim por ir do centro ao Frade pela primeira vez com o “corsinha”. No caminho, peguei um amigo, o André, que trabalhava comigo, andamos mais uns 200 metros e resolvemos voltar para a casa dele, porque era impossível dirigir o corsa, que girava o volante para a direita sozinho. Pegamos o Uno do André e fomos ao trabalho, deixando para o dia seguinte a solução para a minha irresponsabilidade.

Na manhã seguinte, levamos o carro para fazer o alinhamento das rodas. Por sorte não foi nada grave, nenhum eixo empenado ou problemas na homocinética. Carro consertado, resolvi que teria mais cuidado ao dirigir, que teria mais segurança ao volante e, principalmente, que não faria mais nenhuma besteira por imprudência e falta de habilidade como motorista. Foi um mês de cão, dirigindo como lesma, consultando o manual a todo instante para não fazer mais idiotices. Primeiro carro é dose!


Lembro da vez em que dirigi de Angra ao Frade à noite apenas com a lanterna ligada, pensando que o farol estava fraco. O tolo não pensou em girar mais um pouco o botão para ligar o farol. Foi uma viagem horrível, porque não bastasse a escuridão, também chovia. Deus sabe como cheguei ao meu destino. Na volta, sem querer girei todo o botão, e eis que o farol acendeu.

Mais uma dor e cabeça com o Corsa: enfiei a chave na fechadura da porta do carona e ouvi um estalo, seguido do barulho de metal caindo. A chave rodou direto, mas a porta não abriu, ficando um buraco negro na porta branca. Levei imediatamente o carro num mecânico, que me disse que a peça da maçaneta havia quebrado. Ele improvisou um tampão com uma borracha e pediu para que eu comprasse a peça nova. O problema é que na GM só encontrava o conjunto completo, e eu só precisava da peça de antimônio do lado direito. Um pesadelo que só teve fim quando encontrei um ferro-velho, já extinto, aqui de Angra. Comprei a peça e imediatamente instalei-a no lugar, tirando os pedaços de metal, que mais se pareciam papel, do forro da porta. Por sorte não precisei trocar todas as fechaduras nem o miolo de ignição. Problemas acabados? É claro que não.

O Corsa - parte 1


Depois que finalmente tirei minha carteira de motorista, decidi que era hora de comprar um carro. Inicialmente havia pensado num modelo antigo, como um gol quadrado ou um fusca, para aprender a dirigir e ganhar confiança atrás do volante. Sabem como é, sair da auto-escola com a carteira de motorista não é garantia de que realmente se aprendeu a dirigir. Precisava de um carro com a manutenção barata e com dirigibilidade fácil para não arrebentar o carro nos primeiros dias.

Não procurei muito pelos carros que tinha em mente, até porque me decidi por um palio ainda durante as aulas com a Daise, a instrutora da Auto-escola Angra. Como aprendi a dirigir num pálio, nada melhor do que comprar um palio. Mas não sei porque, ido a concessionário, fiquei tentado a comprar um Peugeot 106 preto que lá havia. Olhei o carro, gostei do modelo, da cor, do estofado, do motor, mas resolvi pensar mais um pouco antes de fazer a oferta pelo francesinho montado na Argentina.



Em casa, consultando amigos que tinham mais conhecimento do que eu, desisti do 106 por ser importado, ter a manutenção mais cara do que os carros nacionais, ser mais difícil de encontrar as peças de que precisaria para repor caso, e quando, precisasse.

De volta à concessionária, semanas depois, o Peugeot não estava mais lá. Havia sido vendido, e meu peso na consciência diminuiu. Era realmente um carro bonito e bem cuidado.

Próxima etapa, encontrar um usado em bom estado que coubesse no meu bolso sem estourar o orçamento, nem ferir os meus conceitos de mão-de-vaca.
Caminhando pela loja, encontrei um Corsa Hatch, 1999, 1.0 duas portas. Não era bem o que eu queria, mas serviria para mim. Fechamos o negócio e no mesmo dia levei o carrinho para casa.




Era um carro bom, boa direção, bom controle, aceleração razoável para um 1.0. Tinha tudo para ser feliz com ele, mas o coitado padeceu em mãos despreparadas.

Na primeira vez que saí sozinho com o carro, fora o fria na barriga, o medo de fazer besteira me perseguiu durante todo o trajeto para o trabalho, mas sem que nada acontecesse, porém, na volta, o primeiro susto.

Eu morava num morro, havia uma ladeira estreita, com carros dos dois lados, tive medo de continuar e resolvi deixar o carro na parte plana. Não sei o que se passava na minha cabeça quando o estacionei sem reduzir a velocidade. Resultado: bati com a roda no meio-fio e empenei a roda. Bastava soltar a direção que o carro virava sozinho para a direita. Seria o prenúncio de maiores problemas. Arrumei o carro e resolvi praticar mais a fim de não destruí-lo rapidamente. Mas para meu azar eu não seria o único motorista do corsinha.

domingo, 18 de julho de 2010

O Começo

Introdução

Sempre gostei de carros, mas parece que eles não gostam muito de mim. Digo isso porque a infinidade de problemas e contrapontos que já enfrentei com as belas máquinas já me tiraram do sério várias e irritantes vezes. Já pensei até mesmo em me despedir das quatro rodas, dos motores à gasolina, das aceleradas na pista vazia, do conforto, dos amassos no banco de trás e tirar a bicicleta da garagem. Pedalar para me locomover, deve até ser divertido ter o vento no rosto enquanto desço uma ladeira sem me importar com qual marcha devo usar, mexendo as pernas num ritmo frenético para aumentar a velocidade. É até saudável, uma ótima atividade física para pessoas sedentárias e dependentes de carro como eu. O problema é que não sei andar de bicicleta, não gosto de suar fazendo esforço e vivo com pressa de chegar a algum lugar sem estar cansado. Meu médico recomenda atividades diárias, principalmente no meu estado: fumante compulsivo, diabético sem controle, cardíaco... mas tenho ainda um mal muito maior, a preguiça. Uma outra solução seria andar de ônibus, coletivo, transporte público, mas a espera para que passe o carro certo é terrível, sem contar que nos horários de pico entrar no coletivo é tão difícil quanto sair dele. Tem tantas pessoas que vivem nessa angústia, reclamam, mas tão acomodados que são, preferem enriquecer a companhia de transportes com seu preços incrivelmente caros, sem respeito ao consumidor, sem horários fixos. Sem dúvida um carro faz falta.

Minha história automotiva começou com um corsa hatch 1999, depois um Honda Civic 3D Si 1995, sonho de infância, em seguida um Peugeot 306 1999 e agora um Fusca 1972, outro delírio de consumo. A questão é que padeci, e padeço, com todos esses carros, nenhum deles me deu somente prazer. Foram séries de problemas que me levaram a paciência e fizeram um enorme buraco na minha conta bancária. Um incrível azar.

Além dos carros que tive em 10 anos de carteira, tiveram aqueles que quase vieram, e por falta de sorte, não chegaram a estacionar na minha garagem por uma série de motivos alheios a mim. Somados a esses, os sonhos de consumo que me forço a realizar, mas hoje já sem muito esforço para tirá-los da vontade e concretizar o desejo.

Este blog, em si, tem como objetivo e foco principal o Fusca azul 1972, da sua compra até o fim da reforma e restauração que ele será submetido. “Se meu fusca chegasse” já teria feito o blog há mais tempo, mas a novela do carrinho prossegue, por isso a demora em começar o blog. Mas como não consigo ficar muito tempo sem escrever, começo pelos erros e acertos que me levaram a decidir pelo Fusca como meio de transporte e nova paixão.

Vamos então, antes que o mecânico me mostre o carro, lembrar de algumas histórias, hoje hilárias, dos meus carros e da minha “zica” automobilística.

Sejam bem-vindos a mais uma das minhas loucuras.